Imaginei. A casa simples, o fogão de lenha aceso, a broa de amendoim saindo do forno, o pão de queijo recém-assado, o leite fervido, o silêncio dos móveis e o pequeno rádio tocando modas de tristeza. Imaginei. O capataz de banho tomado, ainda sem camisa, a toalha enrolada na cintura, a porta do banheiro entreaberta e o vão me permitindo ver o barbear lento e ordenado. As costas largas, os contornos de homem feito, pronto para um socorro no meio da madrugada. Eu, mulher recém-acordada, ainda doída de tanto abraço e pronta para amparar meu homem nos primeiros cuidados do dia. A lida à minha espera. A roupa suja, a casa por ser limpa, as galinhas para tratar, os ovos para recolher. Caçar os ninhos das poedeiras, varrer o terreiro, amarrar as vassouras e depois fazer um almoço para dois. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.130).
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