A porteira  que nos separava da estrada era tristonha. Desafiando as regras da secura, crescia por entre suas ripas e rama teimosa de uma erva daninha que aprendera a resistir aos castigos do calor. Nela eu me reconhecia. Era minha sina recobrir-me com os verdes rastros de esperança que o sol não conseguia anuviar. A porteira apartava-me do mundo, dava-me à vida que se esculpia na matéria retorcida de minha morada simples, lugar de onde eu via a estrada sempre coberta de poeira, saudades e esquecimentos. (MELO, Pe. Fábio De. Orfandades o destino das ausências, 2015, p.83).